Como cursar sua pós-graduação no exterior (mesmo sem grana)
Você tem planos ou aquele projeto pessoal acalentado por vários anos de estudar fora do Brasil? Você se sente atraído pela ideia de passar pela experiência de viver fora por algum tempo para ampliar seus horizontes e, eventualmente, desenvolver uma carreira internacional?
Contudo, muito provavelmente, um dos grandes empecilhos para a concretização deste projeto de vida seja de ordem financeira, não é mesmo? Com o Real cada vez mais desvalorizado em relação às principais moedas estrangeiras (US$, CAD$, €, £) fica realmente bem desafiador levar tal plano adiante. É compreensível.
Uma das principais alternativas então para contornar esta dificuldade consiste em tentar obter bolsas de estudos junto a organismos governamentais de fomento a pesquisa (por exemplo, CAPES, CNPq, FAPESP, FAPERJ, FAPEMIG, etc.). No entanto, diante do atual cenário de profunda crise financeira pela qual passa o Brasil, e também por conta da pandemia de COVID-19, os recursos disponíveis para concessão de bolsas estão cada vez mais restritos e escassos. No caso de áreas de estudos consideradas não essenciais como Humanidades e Ciências Sociais, então, historicamente sempre foram difíceis. Contudo, se você estiver engajado em ciências exatas ou biomédicas, provavelmente, o quadro seja um pouco distinto e haja mais oportunidades.
De qualquer forma, o que quero dizer é que você não precisa desanimar e nem abandonar seus sonhos e projetos pessoais por conta destas restrições, pois há uma enormidade de alternativas em âmbito internacional. Sendo assim, foi pensando neste cenário que decidi elaborar este artigo com uma relação (em ordem alfabética) com mais de 20 portais muito interessantes e úteis onde você pode pesquisar por alternativas de bolsas parciais e/ou integrais para cursar sua tão desejada pós-graduação no exterior. À primeira vista, pode não parecer uma lista muito extensa, mas é que selecionei somente o que considero serem os mais relevantes (o que, de cara, vai te economizar um tempo precioso porque eu já fiz o filtro por você). Ademais, conforme você as for explorando, perceberá muito rapidamente que organicamente, suas possibilidades vão se expandir consideravelmente, pois uma coisa leva a outra. Portanto, no frigir dos ovos, estou disponibilizando uma lista muito mais ampla do que se pode imaginar.
Contudo, é importante esclarecer que, salvo muito poucas exceções, estas bolsas de estudo são voltadas principalmente para pós-graduação (Mestrado e Doutorado) que envolvem pesquisa. Ou seja, elas não costumam abranger cursos de MBA (Master in Business Admnistration), por exemplo. Embora tais cursos tragam a nomenclatura de ‘mestre’ em seu título, eles não são considerados mestrado de pesquisa (o que no Brasil se chama Mestrado scricto sensu), mas sim uma especialização em nível gerencial/executivo (ou lato sensu no Brasil). Sendo assim, se o seu projeto pessoal envolve cursar um MBA no exterior, será necessário recorrer a outros caminhos para financiá-lo, o que não é abordado neste artigo.
Retomando agora nosso assunto, é preciso ter em mente que, naturalmente, existem muito mais candidatos do que bolsas disponíveis. Afinal de contas, por serem de caráter internacional, há candidatos de inúmeros países concorrendo por elas. Portanto, a competição tende a ser bastante acirrada.
Isso quer dizer então que são impossíveis de se conseguir?
De forma alguma. Difícil sim, mas impossível não.
Significa apenas que você precisa ser bastante estratégico, focado, paciente, dedicado, disciplinado e perseverante. Parece pedir demais? Você verá que não, e tenho certeza de que você é capaz de conseguir, se seu objetivo for realmente cursar sua pós-graduação no exterior e estiver determinado a concretizá-lo.
Se prepare pra valer
Seja estratégico e focado porque você precisa ter bastante claro pra você mesmo logo de início qual tema ou problema gostaria de pesquisar. Lembra-se? Estamos falando aqui de pós-graduação de pesquisa. Então você precisa ter uma ideia inicial aproximada sobre qual assunto você irá se debruçar de forma aprofundada em tempo integral por, pelo menos, um a dois anos no caso de mestrado ou três a quatro no caso de doutorado. Isso será a bússola que irá te guiar na exploração de oportunidades de bolsas. Ela precisa ser 100% precisa e definitiva? Não necessariamente. Neste estágio exploratório ainda não e pode perfeitamente mudar e ser refinada ou remodelada mais adiante. Mas você precisa de um ponto de partida minimamente coerente e delineado, senão você corre o risco de andar em círculos e desperdiçar muito tempo e energia à toa.
Você precisa ser paciente e dedicado porque esta pesquisa exploratória por oportunidades de bolsas de estudo demanda tempo e não pode (ou não deveria) ser feita na correria ou de última hora. Caso contrário, serão grandes as chances de sua busca serem frustrante e infrutífera.
Por fim, você precisa ser disciplinado e perseverante porque, conforme foi anteriormente mencionado, as bolsas são muito competitivas. Então, você não pode desistir frente ao primeiro obstáculo e sim se dedicar ao máximo que puder, ampliar seu leque de opções e insistir e perseverar. Se estudar fora é seu objetivo, não deve deixar seu nível de energia e entusiasmo esmorecerem.
Em complemento a estes seis aspectos principais, nunca é demais reforçar a importância do planejamento prévio com bastante antecedência. Neste sentido, o ideal é que você comece o processo de pesquisa exploratória com, pelo menos, um a um ano e meio de antecedência em relação ao início do curso de pós-graduação. Por que tamanha antecedência? Porque uma pesquisa exploratória desta natureza e importância demanda tempo e dedicação. Você precisa ler atentamente os requisitos de cada uma delas, avaliar se você preenche todos os requisitos mínimos necessários, reunir documentos e históricos acadêmicos que eventualmente podem precisar passar por tradução juramentada, entre outras providências.
Adicionalmente, estude, mas estude mesmo pra valer o idioma estrangeiro necessário no país onde você deseja/planeja cursar sua pós-graduação (a não ser, obviamente, que seu projeto envolva Portugal como destino). Neste artigo, estou assumindo que o idioma em questão seja o inglês, até porque a oferta de bolsas neste idioma é muito grande. Contudo, esta recomendação se aplica a qualquer outro idioma estrangeiro. Não cometa o erro de subestimar a importância deste aspecto e menos ainda de superestimar seu conhecimento básico do idioma (se este for o caso, obviamente) achando que uma vez lá vai conseguir ‘se virar’ ou ‘dar um jeito’. Isso não existe e vai na contramão do que abordamos há pouco no tocante a ser estratégico.
Ou seja, se seu conhecimento de inglês (ou outro idioma estrangeiro) estiver no nível de “the book is on the table”, você vai precisar aprimorá-lo significativamente. Até porque, todas as universidades estrangeiras exigem um elevado nível de proficiência de inglês atestado por certificados internacionais como, por exemplo, TOEFL e IELTS. O nível mínimo exigido varia de universidade para universidade mas, geralmente, orbita em torno de 90 a 110 pontos par ao TOEFL (cuja nota máxima é 120) e 6,5 a 8,0 para o IELTS (cuja nota máxima é 9,0). Contudo, cheque sempre a informação oficial no site das universidades.
Alternativamente, se você não conseguir atingir a nota mínima de nível de proficiência no idioma, a universidade pode, ao seu próprio critério, emitir uma carta de aceitação ‘condicional’ em seu programa de pós-graduação. O que isso quer dizer? Significa que a ‘condição’ para sua efetiva aceitação no programa é que você frequente um curso intensivo de inglês (geralmente por volta de três meses de duração) em seu campus. Porém, primeiramente, eles só vão te oferecer esta oportunidade se sua nota no exame de proficiência não tiver sido muito distante do mínimo exigido. Segundo, face ao atual contexto de pandemia, é possível que esta alternativa tenha sofrido algumas modificações porque o trânsito de pessoas em viagens internacionais está mais restrito. Portanto, é bom verificar diretamente com a universidade antes de contar com esta chance adicional. Por fim, frequentar este curso intensivo envolve custos adicionais consideráveis, pois ele não é gratuito. Consequentemente, o melhor a fazer mesmo é se preparar e estudar enquanto ainda estiver no Brasil.
Outro aspecto muito interessante também diz respeito a uma das vantagens de se obter uma bolsa internacional para cursar sua pós-graduação no exterior. Acontece que, ao contrário das bolsas do governo brasileiro, não necessariamente, elas vão exigir seu retorno imediato ao país logo após o término do curso. É claro que você precisa verificar sempre os requisitos e regras específicas de cada bolsa e bem como a legislação do país de destino no tocante a trabalho legal após a conclusão de seus estudos. Contudo, o que quero dizer é que, para quem deseja desenvolver uma carreira internacional, mesmo que seja por um ou dois anos antes de retornar ao Brasil, geralmente, as bolsas internacionais tendem a ser mais flexíveis neste sentido.
Por fim, antes de apresentar a lista propriamente dita, gostaria apenas de esclarecer que ela é de caráter único e exclusivamente informativo. Não possuo nenhum tipo de vínculo comercial com nenhum dos portais citados, não sou comissionado por nenhum deles e nenhum dos links é patrocinado. Lembro também que as informações disponíveis em cada portal indicado na lista estão sujeitas a modificações e/ou atualizações além de meu controle. Boa sorte!
Bolsas da Organização dos Estados Americanos — OEA
Bolsas de Estudos do Governo Britânico | Chevening
Bolsas em Portugal para Brasileiros
BRASA — Associação de Estudantes Brasileiros no Exterior
CALDO — Consórcio de Universidades Canadenses
Estudar Fora | Santander Universidades
International Scholarships for Brazilian Students
Dica bônus
Agora que você já visualizou toda a lista, queria complementar com uma valiosa dica bônus. Não deixe de verificar também diretamente com a universidade de seu interesse a eventualidade de existência de bolsas parciais e/ou integrais para estudantes estrangeiros.
Contate diretamente um professor do departamento que poderia ser um potencial supervisor seu e questione gentilmente se, porventura, ele possui alguma verba de pesquisa que contemplaria financiar os estudos de um aluno de pós-graduação em nível de mestrado ou doutorado. Em havendo tal disponibilidade, e em obtendo sucesso em ser aceito no programa, muito provavelmente, você ser tornará um assistente de pesquisa com o compromisso de concluir seus estudos dentro de um determinado tempo (até porque a pesquisa em andamento é financiada com prazos muito bem definidos de início e término).
Enfim, como disse no início deste artigo, há alternativas para concretizar seu projeto de cursar pós-graduação de pesquisa no exterior. Seja estratégico, paciente e, acima de tudo, perseverante.
